sexta-feira, 18 de julho de 2008

Um curso depois do outro

Talvez o título teria que ser algo mais claro, como a valorização da educação, a aprendizagem contínua ou algo parecido, mas eu quero comentar aqui sobre a questão crítica que há na àrea de tecnologia que está relacionada à atualização constante dos profissionais da área.

Em outros setores, outros cursos, outras profissões, as pessoas aplicam no dia-a-dia o conhecimento que adquiriram na faculdade. As mesmas leis, regras, fórmulas, teorias, conceitos, continuam resolvendo os mesmos problemas, sendo importantes e úteis da mesma forma quanto eram quando estavam recém-formados, e isto pode ter sido há décadas.

Já na àrea de tecnologia (talvez haja uma complicação maior para os profissionais da computação), muito do que se aprendeu há cinco anos atrás já não tem muita utilidade. O que foi aprendido então há 10, 15 anos está muito mais obsoleto. Muita teoria ainda é útil, claro, e assim continuará por muito tempo. Mas até mesmo algo como uma DER, que achávamos que sobreviveria por muito tempo já está em desuso.

Se eu começar a falar de linguagens de programação, aí o caldo entorna de verdade. Pense naquele cara que entregava rapidamente sistemas desenvolvidos em Clipper. E aquele que se achava o cara programando em Access (é... ele não é só um BD). E isso é complicado, pois quando a pessoa fica expert na linguagem, o mercado começa a mudar e ele precisa tornar-se novamente um aprendiz, com uma queda acentuada na sua produtividade, uma preocupação enorme na sua cabeça pois não sabe se conseguirá competir com a moçada que acabou de sair da faculdade e aprendeu lá dentro a utilizar as novas tecnologias.

Analisando pela ótica das empresas de desenvolvimento, percebemos que elas também sofrem com esta constante mudança. Aquele aplicativo em Clipper, ninguém mais quer comprar. Mas a empresa foi esperta e migrou há tempos para Delphi, e esta linguagem foi tão produtiva que o sistema aumentou muito de tamanho, foram desenvolvidos novos módulos e entregue aos clientes muitas outras funcionalidades que não seria possível com o Clipper.

Agora essas empresas estão com um (ou vários) problema(s). As faculdades não estão ensinando Delphi aos seus alunos, a vida agora é na Web (por isso estamos lendo este blog). Já não encontramos mais programadores Delphi com facilidade e isto está forçando aquela empresa a migrar seu sistema para outra linguagem e isso acarreta em:
- renovação/treinamento da equipe
- desenvolvimento completo do sistema
- gastos com equipe que tem que manter o sistema atual e com nova equipe que fará a migração
- investir tempo para convencer o cliente a mudar de plataforma.
Enfim, é uma mudança cara, cujo dinheiro poderia estar sendo investido em melhoria da qualidade, expansão do mercado, melhoria dos equipamentos, etc.

Se é bom ou se é ruim, só o tempo dirá.

Para quem é da àrea, o único consenso é que não se pode parar de estudar, seja um estudo formal ou não. Talvez com o tempo e a experiência, passe a ser fácil aprender com a leitura de livros, manuais, textos na web. Já aquele que quer ter uma mudança na hierarquia, deixar de ser programador para se tornar Analista, deste para Coordenador, chegando a Gerente e almejando o cargo de Diretor, é necessário o investimento constante no aprendizado formal, nos cursos em escolas conceituadas ou centros de treinamento qualificados.

Percebo que a busca pelas certificações tem um certo exagero e as empresas estão acordando para o fato de que não há garantia nestas provas, por mais credenciada que seja a empresa fornecedora do título. Elas procuram sim pelas pessoas que fizeram o curso mas que, principalmente, consigam aplicar as teorias aprendidas às práticas do dia-a-dia.

Para as empresas e escolas que estão sempre desejando nos ensinar, nos mostrar novas técnicas e ferramentas, por favor, comecem a pensar na reformulação dos seus cursos, ou talvez, na ampliação deles, fornecendo um complemento prático ao final dos módulos teóricos.

Recentemente fiz um curso de ITIL onde foi apresentado somente a parte teórica. Aprendi muito, com o Marcos Quaiato Perez, profissional de extrema competência e com uma bagagem enorme na àrea. Inclusive no simulado realizado no último dia eu acertei cerca de 80% das questões. Mas por outro lado, estou iniciando a implementação do ITIL em uma empresa e a cada hora surgem dúvidas e mais dúvidas. Faltou ao curso um módulo prático.

Já na próxima semana, farei um curso de COBIT que, por sua vez está dividido em 2 dias de aulas teóricas e 1 dia de prática. Portanto, dentro de alguns dias poderei avaliar se minha teoria tem algum fundamento ou se é apenas mais uma idéia para os profissionais gastaram o dindin e as empresas faturarem mais um bocadinho.

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